quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Poema Havaianas















Que pedir a um novo ano
Fama, grana, remissão?
Pra quê, há coisas mais bacanas
Quero sossego e Havaianas

Como eu seria simples
Espicharia o casco ao sol
Divagaria bobagens tamanhas
Pé no chão, só as Havaianas

Não teria mais porto
Atracaria em areias distantes
Potiguares, gaúchas, baianas
Como viajariam minhas Havaianas

Aproveitaria cada minuto
Boiaria, mergulharia
Até me agarraria a barbatanas
Pra depois adormecer de Havaianas

Até me dissolver na espuma
Curtir o cabelo na água e sal
Pente algum desfazeria as tramas
Se eu vivesse só de Havaianas

Mandaria o chefe às favas
Viveria de brisa fresca
Sobreviveria à base de bananas
Meu reino por um pé de Havaianas


















Fingiria que eu era outro
Um poeta que endoideceu
Escreveria rimas parnasianas
Na areia em volta das Havaianas

E de noite, não faltasse um carinho
Um colo com tudo de bom
Namoraria luizas, cláudias, anas
Um pé que também usasse Havaianas

Se não encontrasse, paciência
Eu me entregaria a prazeres fugazes
Daria as festas mais insanas
Todos, a rigor, só de Havaianas

Dê-me sol, dê-me areia
Caipirinha, ostra e caju
Lua detrás das montanhas
Só não me faltem as Havaianas

Eis o que eu pediria
Ao ano, se ele me ouvisse
Duas mil e oito coisas bacanas
E um só par de Havaianas

Se o mundo acabar, quem garante?
Seríamos homens realizados
Uma legião de anjos à paisana
Só de asas e Havaianas.

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